A fisioterapia é benéfica em diversas fases da vida do pet. Mas ainda é pouco indicada pelos veterinários, sejam eles clínicos, ortopedistas ou neurologistas. E por que isso acontece? Muitas vezes, os próprios veterinários desconhecem os benefícios e as indicações da fisioterapia.
Não é culpa deles: a fisiatria é um dos campos da medicina veterinária mais recentemente estudados. Em alguns países, como nos Estados Unidos, é permitido ao fisioterapeuta trabalhar na fisiatria veterinária, desde que tenha pós graduação na área e que trabalhe junto com um médico veterinário. No Brasil, somente os médicos veterinários podem atuar na em fisiatria/fisioterapia veterinária, desde que tenham conhecimento e formação nessa área. Temos poucos profissionais trabalhando e isso pode contribuir para que muitos médicos veterinários desconheçam a importância dela nos pets.
O certo é que, pelo menos na minha experiência, muitas vezes recebemos pacientes que poderiam ter sido encaminhados antes. Eles acabaram procurando a fisioterapia e reabilitação como última opção, quando todos os outros tratamentos não surtiram efeito. Se tivesse ocorrido uma indicação mais precoce e pudéssemos ter trabalhado em conjunto com as outras especialidades, talvez a melhora do paciente teria sido mais rápida e mais efetiva.
Aos poucos percebo que cada vez mais médicos veterinários indicam a fisiatria e a reabilitação com escolhas inicias de tratamento conservativo ou não farmacológico. Isso já acontecia com mais frequência com a acupuntura. Porém, por mais que a acupuntura consiga resultados extraordinários (além de todo equilíbrio do organismo na visão da Medicina Tradicional Chinesa), nem sempre se consegue a plena reabilitação (ou o mais perto de pleno que se possa conseguir) somente com acupuntura. A fisiatria é a mais adequada quando pensamos em tonificação de músculos, mobilização de tecidos moles como ligamentos e tendões e ganho de condicionamento físico. Ela pode ser trabalhada junto com a acupuntura e aí vemos ganhos consideráveis na saúde dos nossos pacientinhos pets.
Portanto, quando se deve pensar em fisioterapia, fisiatria ou reabilitação? Quando queremos que o paciente ganhe maior mobilidade de movimentos, melhore o jeito de caminhar ou retorne a caminhar. Quando ele passa por uma cirurgia, mas fica algum tempo em repouso ou imobilizado (para evitar a síndrome do imobilismo), quando ele fica muito tempo internado num canil, quando precisa fazer uma cirurgia ortopédica ou neurológica… enfim, esses casos precisam de fisioterapia. E pode começar logo após a cirurgia, pois nem tudo será movimento. Algumas de nossas técnicas visam justamente à liberação dos tecidos afetados por aderências em cirurgias (assim o pet volta ao movimento mais rapidamente).
Outras indicações são feridas que não cicatrizam e pets com dor crônica. A reabilitação atua como um complemento no manejo farmacológico (ou seja, com medicamentos) na dor crônica, especialmente a de origem articular. Temos equipamentos que podem auxiliar no combate direto à inflamação e dor. E o movimento é um dos principais fatores que quebram o ciclo vicioso da dor, gerando mais bem estar ao paciente. No caso das feridas, os equipamentos como laser podem auxiliar no processo de cicatrização de feridas indolentes e escaras de decúbito.
Assim a fisioterapia e a reabilitação são grandes armas para dar mais conforto e qualidade de vida aos pets. Não hesite em conversar com seu veterinário de confiança sobre essa modalidade de tratamento e em procurar dar o melhor cuidado para seu pet.